quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Não há título, intitular não representa o universo, restringe.

     Diariamente eu não sou eu, todos os dias invento quase que naturalmente um parte de mim que eu mesmo não conheço. Muitos dias olho estranhamente para minhas ações ou falta delas ponto a ponto - pequenos detalhes diários que com o tempo transformam uma personalidade ou como acredito, formam uma pessoa. Há alguns anos as influências que recebia - familiar, escolar, amigos, comunidade, midia, época, etc. - exerciam forte influência sobre minhas ações todos os dias. O que parecia ser eu, era uma cópia universal de vários fragmentos de perspectivas diferentes onde algumas exerciam maior influência em determinados momentos.

     Sinceramente, não é difícil admitir que sempre será assim - somos influênciados, dez ou noventa por cento. A questão é mesmo o equilibrio que podemos obter ao ceder ou não as influências em determinados momentos. Diariamente me deparo com uma personalidade quieta, calada, introspectiva e plena, como se não bastasse mais nada, o existir me dá tudo que preciso. Entretanto, entro em conflito com minha forma de atuar e é quando estou em ambientes que podem me proporcionar alguns prazeres, fáceis, imediatos, efêmeros, mas, prazeres. As sensações que nossos sentidos podem nos proporcionar são com certeza de uma intensidade forte, atraente e em alguns casos, viciante. E quando há a oportunidade fácil de desfrutar dessas sensações entro em conflito - lógico que isso só acontece quando estou naquele estado de que só o existir basta. É a perenidade, calma, serena, silenciosa, sábia contra a instabilidade, emoção forte e sentimentos contraditórios.

     Mergulho no mar de meus questionamentos e reflito se tudo que faço e aprendo e que constroe minha pessoa é exatamente o que quero, não enquanto fazer e aprender, mas ser mesmo. Os últimos 15 meses exigiram mudança ou complemento e é perante esse novo ser que se anuncia que sinto o receio de não sentir, sorrir e agir como, as vezes, tão espontaneamente faço. 

     Enfim, tenho de conviver diariamente tomando decisões - por vezes contraditórias - que sob as outras percepções devem ser o que se espera de mim e são o que forma meu caráter. A grande questão é conseguir fazer ser natural o ser que se é idealizado por outros ou ser - o que é desejado/quisto/intencionado por sí - e aceitar as consequências disso.


       É muita filosofia pra uma noite só, isso é bom, significa que minha percepção perante o mundo tentar ser a de uma criança, surpresa e questionadora - neste caso perante a mim mesmo. (B) (S)



..ouço o som do mar... =)

Um comentário:

  1. Eu mudaria "Os últimos 15 meses exigiram mudança ou complemento" para "Os últimos 10 meses exigiram mudança ou complemento" e diria que você roubou um texto meu.

    ;/

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